quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Hiperrealismo



Esta corrente do Hiperrealismo e do foto-realismo, para mim confesso que me assusta um bocado, mas lá terá de ser mentes actualizadas, mas simplezinhas que é o meu caso … este é um texto que encontrei, que achei bem escrito e principalmente ao alcance das tais “cabecinhas sdimples “ … 

E parabéns Pedro Santos !!!!


Pinturas foto-realistas de Pedro Campos



Gosta desta fotografia? Alguma vez se sentiu obrigado a questionar a veracidade do retratado? Photoshop...? E se a fotografia não fosse, de todo, uma fotografia? Venha conhecer o hiperrealismo pela mão de Pedro Campos. 

Parecem, à primeira vista, fotografias, mas não são: são pinturas de óleo sobre tela. A arte abstracta pouco lhe interessa - as obras de Pedro Campos contactam com a ordem do real, aproximando-se do realismo de Jan Van Eyck e do fotorrealismo, sem se encaixar nem num, nem no outro. Campos faz algo diferente.

É hiperrealista o pintor madrileno nascido em 1966, e formado pela Escola Oficial de Conservação e Restauro de Obras de Arte de Madrid, em 1988. O seu enorme talento permitiu-lhe trabalhar no restauro de pintura e outras formas de arte por toda a Espanha, e valeu-lhe também um lugar como ilustrador em diversas agências de publicidade de renome internacional. Após uma década de experiências que considera fundamentais para a sua pintura, é em 1998 que passa a dedicar-se exclusivamente a ela.
O arrojado artista escolhe à partida temas de imenso detalhe e, ao mesmo tempo, absolutamente comuns. Latas de refrigerante, frutos, berlindes e livros são apenas alguns dos motivos escolhidos, todos eles representados de forma luminosa, com certa pureza, trazendo para a luz, para o primeiro plano, objectos cuja complexidade se faz secundária na vivência diária. Há no seu trabalho uma clara chamada de atenção para a beleza e para o pormenor de todas as coisas. A corrente artística que escolheu é claramente aquela por que se exprime melhor, e descrever o seu trabalho é descrever o hiperrealismo.
Basta cruzarmo-nos com uma obra sua, sem qualquer conhecimento prévio do que é ou de como se caracteriza a arte hiperrealista, para ter um entendimento, ainda que superficial, de que a capacidade de observação de Pedro Campos, e de artistas como ele, é deveras extraordinária. O nível da representação gráfica conseguido é tal que gera automaticamente uma sensação de irrealidade dentro da realidade: é difícil conceber uma tal perfeição como sendo real, mas não a conseguimos, no entanto, dissociar da realidade. E, de facto, não o é, não é real. O retratado existe ou pode ter existido, mas nunca esteve ali, nunca houve contacto directo entre este e a obra.
Como toda a arte, independentemente de gostos e outras subjectividades, o hiperrealismo cria ao primeiro contacto uma reacção forte, neste caso, a dúvida. Ora, estes artistas, não só pintores como Campos, mas também escultores e outros, sabem disso. Conhecem a sua arte o suficiente para saber que um observador se questionará e terá dificuldade em perceber se está perante algo real, como o captado numa fotografia de alta resolução, ou perante uma pintura, como com estas imagens acontece. Esta é apenas uma parte do objectivo, uma das mostras do talento, a capacidade de iludir, aquela que se destina ao público, mas o hiperrealismo encerra muito mais.

Muitos dizem ser uma forma de arte inútil, acusando a perda da magia da pintura e dizendo que nada acrescenta à fotografia. Mas basta saber um pouco melhor de que trata o hiperrealismo, o que pretendem os seus precursores, para perceber que é exactamente o contrário que se propõe fazer. Não só preserva a informação captada, como lhe acrescenta algo mais. A observação de trabalhos como os de Pedro Campos, como óptimo exemplo, faz óbvias as diferenças e inúteis, essas sim, as comparações.
Desde que a belga Isy Brachot criou a palavra hiperrealismo, para usá-la como título de uma exposição Fotorrealista em 1973, o termo passou a ser usado para descrever artistas, já não fotorrealistas, mas uma nova geração sua herdeira e por eles influenciada. Apoiados nos mesmos princípios que ditaram o sucesso do movimento fotorrealista surgido nos anos 60 do século XX, os hiperrealistas do século XXI continuam a fazer da Fotografia a base do seu trabalho, e é a partir dela que procuram incluir na pintura ou na escultura uma enorme abrangência de detalhes, tornando as obras mais detalhadas que esta ou mais até do que a própria realidade.

Porém, os hiperrealistas distinguem-se pela fidelidade do seu trabalho à realidade. Ao contrário do fotorrealismo, ainda próximo do realismo, que omite ou altera certos detalhes para manter a estética coesa e irrepreensível, o hiperrealismo vai ao encontro do real e das limitações e problemas fotográficos da sua captação, procurando conquistar e incluir o todo.
O hiperrealismo poderia ser assim muito menos livre, de uma objectividade quase jornalística, na qual o pintor, qual jornalista, deveria conter os seus impulsos, concepções e opiniões e cingir-se à realidade, ao facto. Porém, o espaço de criação para os hiperrealistas surge exactamente do exagero da realidade, ao ser tentada uma sensação mais real do que aquela por esta transmitida, ou daquela que transmite a fotografia. Isto é conseguido pela adição minuciosa de detalhes e pela exacerbação dos detalhes existentes através da cor, das texturas, dos efeitos de iluminação, num jogo de luz e sombra que manipula também as proporções. De uma suposta ditadura do observável e do captado a uma liberdade do pormenor, é criada uma imagem mais clara e distinta que a fotografia de referência, ou até que o próprio objecto retratado.
O que hiperrealistas fazem é afastar-se cada vez mais da realidade, e daquelas realidades descritas por realistas e fotorrealistas, criando uma outra, simulada, para qual existem limites.
O limite desta arte é talvez o que a torna mais interessante: a verosimilhança. Não é possível quebrar a ilusão de realidade. Os artistas apenas podem criar dentro desta esfera, numa representação daquilo que não é permitido ao olho humano, daquilo que o homem associa à perfeição. Aquilo que criam não só aparenta a realidade, como é esteticamente muito apelativo, vívido e definido. É curiosíssimo e muito significativo notar, perante isto, que essa realidade criada, que se aproxima de um ideal de perfeição, inclui o erro, a imperfeição, ao invés de os metamorfosear ou fazer desaparecer.
Graças à tecnologia - e talvez pelo avanço desta surgiu o hiperrealismo - os artistas desta corrente estão cada vez mais precisos. Quanto a Pedro Campos, nesta demanda para que o criado pareça mais real que o real, o artista diz ter como grande aliado um projector digital, que lhe permite trabalhar muito mais rapidamente. Há que fazê-lo quando se vive da arte nos dias de hoje. Além do projector, apoia-se apenas na fotografia digital e na sua extraordinária habilidade, num trabalho moroso que tem tanto de minúcia como de paciência.
É incrível o que é possível fazer a partir da fotografia, a partir da realidade, com a mestria hiperrealista. É um trabalho espantoso. Vale a pena visitar o site pessoal de Pedro Campos e também o da londrina Plus One Gallery, que o representa, e apreciar as magníficas peças do artista. Exorto qualquer um a passar por lá.



Fonte: Obvious ( um olhar mais demorado )

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