sábado, 7 de maio de 2011



A maioria dos contos de fada termina com o beijo entre os heróis e o tão ambicionado final feliz….

O beijo é um premio, um símbolo, um marco; representa uma mudança de paradigma. Para chegar ali os heróis e heroínas tiveram que passar por provas e superar obstáculos a fim de conquistar e selar sua união e felicidade eternas. E a partir desse momento eles viverão felizes para sempre, lindo!!!!

Neste momento lembro-me da Branca de Neve …

E, assim passamos as nossas vidas atrás desses finais felizes. Somos carentes de finais felizes. Mas, quando os alcançamos, o que acontece? Um dia a gente encontra o nosso príncipe ou a nossa princesa encantado(a), e depois? O conto de fadas ou a novela não revelam, mas a vida continua. Sobra para nós, pobres mortais, a tarefa de escrever esse capítulo que jamais será exibido. O dia-a-dia, as rotinas, os filhos, as contas da água e da luz p’ra pagar, da renda da casa, as brigas etc….
Se o caminho anterior ao final feliz é feito de actos heróicos, conquistas e bravuras a serem proclamadas (até para impressionar o outro), nesta parte da vida tudo passa a ser mais silencioso, sem glórias nem glamoures, e por isso muitas das vezes o final feliz marca o início do fim. Não gostamos de viver num mundo sem fantasias. Não suportamos o contacto com a realidade. E, caso a relação seja uma daquelas poucas que sobrevivem ao passar dos anos, há também o passar dos anos... o envelhecer... a morte. Este é o ponto central, porque não suportamos a ideia da morte, é desesperar ao saber que aquela relação vai terminar, que o amado(a) vai desaparecer, que eu vou desaparecer. Optamos por viver em um mundo de fantasias, na Terra do Nunca, onde ninguém envelhece e a morte não existe, um mundo onde a felicidade reina eternamente. Todos somos eternos, ( eu sou eterna, por exemplo ) …..
De um lado o caminho do herói; de outro, o caminho da sabedoria. E o final feliz como linha divisória entre um e outro. E é claro que queremos porque queremos, de qualquer maneira, a qualquer custo, permanecer na parte heróica da história, onde o prémio é a felicidade eterna. Se de um lado tudo é festa e aventura e no outro reina a solidão e o silêncio, por que não ficarmos eternamente comemorando? Se posso ter tudo (de bom), por que não para sempre?
E lá vamos de casamento em casamento, de brigas em brigas, de separação em separação e de novo casamento em novo casamento, vamos vivendo atrás de nossa felicidade. ….
No entanto, há aqueles casais que permanecem unidos durante 20, 30, 40, às vezes 50 e às vezes até 60 anos. Que fascínio! Como conseguem? O que os mantém unidos durante tantos e tantos anos? O que é preciso fazer para que o casamento seja tão duradouro? Deixo-vos com esta reflexão …..

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