A liberdade …..
(… ) sobre as nossas
escolhas não significa exactamente o que devemos fazer tudo o que queremos e
nos apetece, significa que podemos escolher o que nos serve e deixar o que não
nos faz bem. Não se trata mais do certo e do errado, mas sim de escolhas
mais emocionalmente e fisicamente mais saudáveis para nós e para os
outros. Mas, na correria dos dias, nós esquecemo.nos de cuidar de nós mesmos e
é comum colocarmos o desejo do outro diante do que desejamos, é fácil esquecer
que temos direito de negar ajuda ou de aprender a dar apenas o que podemos dar.
Vivemos ocupados da vida alheia, porque a vida é mesmo assim, sempre tem e terá
alguém que precisa de nós e, pode ser difícil admitir, mas isso de certa forma
também nos preenche.
Vivendo no modo
“piloto automático”, com a forte necessidade de “pertencimento”, de sermos
amados, de não desagradar aqueles ao nosso redor, muitas vezes nem nos damos
conta dos vários sapos que engolimos, de quão custoso é fazer o papel do bom,
de quanta carga extra vamos adicionando à nossa bagagem, e de quantos “sim´s”
dizemos, quando no fundo queríamos dizer “não”. Evitamos o desconforto social e
os conflitos e perdemos batalhas importantes, sem nem sequer lutarmos. É assim,
nessa correria e cheios de afazeres que os dias passam voando, que nem vemos
mais um ano passar e que vamos cada vez mais nos tornando negligentes ao olhar
de D´Ansembourg, mas bons diante do olhar dos outros.
Além disso, existe
ainda um olhar distorcido sobre achar que ser bom é cuidar do outro que nós nem
sempre conseguimos perceber: todas as vezes que eu faço alguma coisa com o
intuito de proteger, absorver o impacto da queda ou poupar alguém de algo que
considero doloroso para ele, estou adizer: não tens força para dar conta disso, eu não
acredito que não sejas capaz de viver as consequências de tuas próprias
escolhas.
Brené Brown, uma
pesquisadora americana, também sugeriu um novo olhar sobre o autocuidado, ela
diz:
“prefira o desconforto no lugar do
ressentimento”.
Prefira o desconforto
ao arrependimento. Aprenda a dizer não para o que não te faz bem, para quem não
te faz bem, para evitar os tantos “tenho que´s” que vamos
incorporando na nossa rotina, para tudo aquilo que dizemos “sim” apenas para
não desagradar ao olhar do outro. Aprenda a ser a mãe que não te deixava andar
em más companhias, o pai que te proibia de chegar tarde em casa, lembra-te de
levar o casaco para te protegeres do frio e sabe dizer não para tudo que não te
faz bem, mesmo que isso cause desconforto entre os demais. Porque, na maioria das
vezes, dizer não para o outro, é dizer sim para nós mesmas.
Portanto, aproveitemos todos os dias para criar novos
sentidos, para aprender a dizer não para o outro e sim para nós mesmas, para
escolher o desconforto no lugar do ressentimento, para saber identificar e
expressar o que sentimos, para deixar de sermos bonzinhos, e nos tornarmos algo
muito mais valioso para nós e para os outros:
VERDADEIROS.
Maria Dulce Horta
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