sábado, 10 de janeiro de 2015

O tempo que foge





Este texto do qual gostei muito,  não  é totalmente escrito por mim, mas sim adaptado quase todo por mim para mim. E para também quem lhe achar graça,  pode levar …. 

O tempo que foge!

"Ando a contar  os meus anos há uns tempos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora.
Sinto-me como é lógico com alguma nostalgia ….
Por conseguinte, já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados.
Não tolero gabarolices.
Inquietam-me os invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando os seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para projectos megalomaníacos.
Não participarei em grupos que estabeleçam prazos fixos para reverter a miséria do mundo.
Não vou mais a workshops onde se ensina como converter milhões usando uma fórmula de poucos pontos.
Não quero que me convidem para eventos com a proposta de abalar o milénio.
Já não tenho tempo para reuniões intermináveis para discutir estatutos, normas, procedimentos parlamentares e regimentos internos.
Não gosto de assembleias ordinárias em que as organizações procuram se proteger e perpetuar através de infindáveis detalhes organizacionais.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturas.
Não quero ver os ponteiros do relógio avançando em reuniões de “confrontação”, onde “tiramos factos a limpo”.
Já não tenho tempo para debater vírgulas, detalhes gramaticais subtis, ou sobre as diferentes traduções “Bíblicas”, ou dos “Papas”.
Já não quero explicar  mais os meus gostos religiosos e políticos.
Ao abordarem-me sobre algum destes assuntos e sabendo e conhecendo-me bem.
A minha resposta será curta e delicada: – Gosto ou não gosto, e ponto final!
Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: “As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos”.
O meu tempo tornou-se demasiado escasso para debater rótulos.
Já não tenho tempo para ficar dando explicação aos medianos se estou ou não perdendo a fé, porque admiro a poesia do Eugénio de Andrade, António Botto ou David Mourão Ferreira a voz da Maria Bethânia, a voz meia rouca da Sónia Tavares ou da Mariza; os livros de José Luís Peixoto, do Walter Hugo Mãe, ou do Eça de Queiroz.
Já sem muitas “”cerejas” na tigela, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeções, não se encanta com triunfos, não “embandeira em arco” ( não sei bem se se diz desta maneira, este ditado popular… ) nâo se considera eleita para a “última hora”; não foge de sua mortalidade, defende a dignidade dos marginalizados, e deseja andar humildemente descansada…

Caminhar perto dessas pessoas nunca será perda de tempo."

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