Este texto do qual gostei muito, não é totalmente escrito por mim, mas sim adaptado quase todo por mim para mim. E para também quem lhe achar graça, pode levar ….
O tempo que foge!
"Ando a contar os meus anos há uns tempos e descobri que
terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora.
Sinto-me como é lógico com alguma nostalgia ….
Por conseguinte, já não tenho tempo para lidar com
mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados.
Não tolero gabarolices.
Inquietam-me os invejosos tentando destruir quem eles
admiram, cobiçando os seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para projectos megalomaníacos.
Não participarei em grupos que estabeleçam prazos fixos para
reverter a miséria do mundo.
Não vou mais a workshops onde se ensina como converter
milhões usando uma fórmula de poucos pontos.
Não quero que me convidem para eventos com a proposta de
abalar o milénio.
Já não tenho tempo para reuniões intermináveis para discutir
estatutos, normas, procedimentos parlamentares e regimentos internos.
Não gosto de assembleias ordinárias em que as organizações
procuram se proteger e perpetuar através de infindáveis detalhes
organizacionais.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas,
que apesar da idade cronológica, são imaturas.
Não quero ver os ponteiros do relógio avançando em reuniões
de “confrontação”, onde “tiramos factos a limpo”.
Já não tenho tempo para debater vírgulas, detalhes
gramaticais subtis, ou sobre as diferentes traduções “Bíblicas”, ou dos “Papas”.
Já não quero explicar
mais os meus gostos religiosos e políticos.
Ao abordarem-me sobre algum destes assuntos e sabendo e
conhecendo-me bem.
A minha resposta será curta e delicada: – Gosto ou não gosto,
e ponto final!
Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: “As pessoas
não debatem conteúdos, apenas os rótulos”.
O meu tempo tornou-se demasiado escasso para debater
rótulos.
Já não tenho tempo para ficar dando explicação aos medianos
se estou ou não perdendo a fé, porque admiro a poesia do Eugénio de Andrade, António
Botto ou David Mourão Ferreira a voz da Maria Bethânia, a voz meia rouca da Sónia
Tavares ou da Mariza; os livros de José Luís Peixoto, do Walter Hugo Mãe, ou do
Eça de Queiroz.
Já sem muitas “”cerejas” na tigela, quero viver ao lado de
gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeções, não se encanta com
triunfos, não “embandeira em arco” ( não sei bem se se diz desta maneira, este
ditado popular… ) nâo se considera eleita para a “última hora”; não foge de
sua mortalidade, defende a dignidade dos marginalizados, e deseja andar
humildemente descansada…
Caminhar perto dessas pessoas nunca será perda de tempo."
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