sexta-feira, 13 de junho de 2014

Vem uma dose de desapego por favor para esta casa.




Uma dose de desapego por favor!!!!
As coisas e objectos que guardamos e acumulamos com o passar dos anos valem pelas suas funções, mas também pelos seus significados simbólicos.
Guardamos roupas – de todas as épocas – à espera de voltarmos a vesti-las um dia, quando emagrecermos ou a moda voltar. Guardamos cadernos da escola, quando a nossa letra era ainda balbuciante, e depois acrescentamos ao monte, os cadernos dos nossos filhos. Guardamos caixas e caixas de objectos porque nos lembram algo, ou porque foram presente de alguém que gostamos. Guardamos objectos de alguém que partiu, para longe ou para sempre, como se pudéssemos preservar um pedaço daquela pessoa connosco. Guardamos louças e móveis quebrados – à espera de tempo para recuperá-los, à espera de um tempo que não temos nem teremos. Guardamos cartas e bilhetes, revistas, livros amarelados com suas letras diluídas e frases indistintas...
Guardamos coisas completamente inúteis que vão perdendo o seu significado original e deixam de remeter-nos para lugar ou memória alguma. Mas guardamos. Guardamos para termos uma sensação de segurança, de continuidade, de permanência! Guardamos para lutar contra o esquecimento, mas isso é um paradoxo: se precisamos de um objecto para nos lembrar um acontecimento ou alguém é porque já esquecemos!
E chega um momento em que os armários estão cheios de coisas guardadas – da nossa infância, dos nossos filhos, dos nossos netos, dos nossos avós! Armários, garagens e sótãos  entulhados de coisas que nunca mais serão lembradas, tocadas, usadas, ou úteis! 
Mas na hora de doar, de nos desfazermos daquele monte de empecilhos em que se tornaram os objectos, volta aquela memória, aquela lembrança traiçoeira que nos remete ao passado. E todas as lembranças adquirem vida, como se acordassem de repente. E em vez de arrumar ou doar, ficamos presos às memórias que cada objecto vai despertando em nós e, no final, volta tudo a empilhar-se no mesmo lugar. Fecham-se os armários, as garagens e os sótãos entulhados, e guardamos tudo mais uma vez – como se os objectos fossem a nossa vida, aquilo que vivemos e se perdeu no passado. Agarramo-nos aos objectos para evitar soltar o passado, com receio de que quando se forem, um pedaço de nós também se vá, se dilua, se perca.
É verdade que estamos ligados a tudo o que possuímos por uma espécie de cordão umbilical  invisível. Os objectos devem ser como os filhos – em algum momento temos que deixá-los ir, para que sigam existindo em outros lugares, e nós possamos continuar as nossas vidas.
Quando prendemos os objectos – a nós – fica tudo entulhado, ganhando pó, ocupando um espaço que devia ser arejado e preenchido por coisas novas, experiências novas, uma vida nova...
Temos que livrar-nos das coisas que não usamos, de tudo o que não queremos, e criar uma amplitude na nossa vida – espaços abertos para inundar de luz. As coisas não significam nada depois de um certo tempo – já serviram o seu propósito. Temos que deixá-las partir! O que resiste e persiste em nós é a memória!
Todos os blogueiros e não blogueiros têm este tema como mote!!!!

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