Ainda o Pingo Doce e todo este embróglio …
O que se passou no Pingo Doce é de uma probeza de espírito que
dói a alma que claro as pessoas são
muito mais sensíveis às barrigas e ás necessidades mais imediatas do que às
convicções de classes sócias, o povo bateu-se rapidamente por esta “oferta” do
“solidário” grupo económico, que há bem pouco tempo deu aquela barraca
muito “patriota” ao transferir a sede do
seu grupo de accionistas para Holanda ( para pagarem menos impostos) O Grupo
Jerónimo Martins não é a Santa Casa da Misericórdia ( que foi feita
para ajudar, aì é logo de estranhar !!! ) mas sim uma das maiores fortunas do
país, e a oferecer ao povo esta dádiva,
cheira-me a “esmola” parecendo brincar com as necessidades mais básicas de um
povo que sofre no seus dias as inclemências da actual crise económica Um gesto
muito feio, penso eu, apesar do “beneficio” que muita “gozou” …
Acho que realmente quem lá foi não é a base da pobreza,
sendo base a classe mais desfavorecida, pois que se ainda tinham mais de cem
euros para compras, ainda se conseguem aguentar, os outros, os mais
desfavorecidos nem isso têm e recorrem ao Banco Alimentar, bem sei. Mas também
acho e continuarei a achar que o GJM tinha mais 364 dias para fazer esta grande
“bondade”. Também acho que o dia 1, esquecendo que era logo o Dia do
Trabalhador, não foi escolhido ao acaso, pois, dia 1, segue-se de final do mês,
final do mês é sinónimo de vencimentos, vencimentos acabados de receber é
sinónimo de poder de compra. Também acho que sabendo que educação e civismo é
coisa que não habita neste povo, deveria ter arranjado mais seguranças. Acho
também que apesar da manobra política (!?) deram um senhor tiro no pé. Sim, têm
com toda a certeza um departamento de marketing, que no mínimo se espera que
antes de uma campanha, também tenha feito um estudo conjuntural, social e
político, é que assim de repente, o que poderá resultar na Suíça, não implica
que resulte no Burkina Faso e porquê? Porque as sociedades, as pessoas e a
envolvente política e histórica determinam os comportamentos e reacções, só
isso…
E sim, foi concerteza muito bom para os empregados que
receberam 300%. Para o Jerónimo Martins que escoou os produtos todos mesmo fora
do prazo e a preços abaixo das tabelas estipuladas e para os consumidores que abasteceram as
despensas por metade do preço. Ainda bem. Quanto a mim, se já não tinha grande
imagem do Pingo Doce, agora ainda tenho pior, mas como em tudo, tenho mais por
onde escolher e só irei ao Pingo Doce se não tiver hipótese de ir à concorrência.
E agora envergonha-me que:
- os direitos dos trabalhadores tenham sido claramente
violados, não por trabalharem a um feriado, afinal isso é prática em muitas
superfícies, mas em carga laboral….
- que para comer melhor as pessoas passem um feriado a
amontoar-se à porta de um supermercado….
- que que muito provavelmente os prazos de validade daquela
poupança, os vão fazer atirar com metade para o lixo….
- que havendo 365 dias no ano, o Grupo Jerónimo Martins
tenha escolhido precisamente o dia 1 de Maio….
- que quem ali trabalhe tenha de se sujeitar a um dia
completamente anormal.
-que esta taxa de
desemprego já a bater nos 15%....
- Envergonha-me tantos bobos de um lado e do outro, os que
estavam a trabalhar e os que lá foram comprar.
- Envergonha-me que antes de uma crise de valores, haja
mesmo uma crise à mesa.
E o que me envergonha
mais, mais, é ao que nós chegámos !!!!
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