sexta-feira, 4 de junho de 2010

Cultivando afectos ....



Durante alguns anos foi muito difícil para mim falar de afectos. Escreve-los é simples, mas tentei várias vezes verbalizá-los e nunca consegui. Isso não significa que não os sinta. Simplesmente não era capaz.

Esta concerteza é a razão que me leva a dar muita importância às palavras, porque são elas que dão a conhecer muitas vezes aquilo que nos vai na alma.

Por vezes pensamos, que por alguns gestos que posamos vir a fazer e para quem está perto de nós, assim o possam entender. Os gestos na realidade ajudam, mas não chegam, os gestos e as palavras complementam-se. E é a complementaridade de umas e de outros que transmite, com alguma evidência esses mesmos afectos que nos acompanham.

Presentemente, e olhando um pouco para trás, penso nos afectos que criei ao longo de 4o anos com a minha Instituição e com as pessoas que estiveram comigo ao longo de todo este tempo, bons e maus momentos que passamos juntos e foram muitos, grandes amizades que se foram fazendo que ainda hoje perduram, e grande parte da formação como pessoa que hoje sou, a todos devo, foi um poço de afectividades.... E hoje reflectindo, percebi que cometi um grande erro, pelo facto de não ter sido capaz, de falar de afectos. Aprendi e reaprendi que não se devem interpretar as palavras além daquilo que elas dizem, tão pouco tentar retirar significado dos nossos silêncios, e também a que outros por vezes nos sujeitam. Tenho-os e não dizem mais do que são.

Percebi com o tempo, que os afectos nunca se devem negar ou esconder, para que quando deixarem de fazer sentido, termos a certeza que os vivemos intensamente, como todos os afectos devem ser vividos.

Hoje em dia, não me é difícil falar de afectos, nem os tento esconder, até faço questão de mostrá-los, podendo até passar por ridicula, mas saborear os afectos é tão simples. Basta não fazer nada e fruir a presença daqueles de quem nós gostamos.



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