quinta-feira, 15 de abril de 2010

António Alçada Baptista



Durante muitos anos fui uma grande consumista de revistas, hoje em dia não, porque tenho-as quase todas na net ( eu sei que não devia de escrever isto.... ) uma revista que eu comprava com assiduidade era a Máxima; foi onde comecei a ler e interessar-me pelas crónicas de António Alçada Baptista, chegando ao extremo de tirar a folhinha, pôr num dossiê, e de vez em quando ía ler, as tais crónicas, lia e voltava a ler, começando identificar-me muito com o que escrevia e ao mesmo tempo achava lindo a sua sensibilidade e ternura para com o sexo feminino , caracteristicas estas que nunca tinha encontrado em outros escritores que tinha lido até ali, cada vez mais me apetecia ler coisas que ele escrevia, e, então resolvi começar a comprar os seus livros, fiquei completamente rendida, acabando por adquirir a s suas obras literárias quase todas.

O Alçada Baptista, era conhecido pelo " escritor de afectos", especialista em relações humanas tanto de amor como de amizade e com a tal sensibilidade feminina que é caracteristica em quase todas as suas obras, foi capaz de fazer profundas análises de tom geralmente oral em livros como " Riso de Deus", " Nós e os Laços" e "O Tecido de Outono", penetrando muito nas relações humanas como acima citei entre homens e mulheres, amantes, ex-amantes, confidentes, suas cumplicidades, amizade, amor, sexo e que tão bem espelham a vida... as suas personagens são constituidas sempre em busca do aperfeiçoamento.
Pelo que tenho lido, e a minha opinião vale o que vale, ( espero que a livros não sejam classificados como "literatura light" ) , penso que poucos escritores terão sabido representar nas suas obras a mulher com tanto amor e compreensão.Os segredos do corpo são sempre descobertos com ternura e conseguem acarinhar as imperfeições do outro ou as marcas do tempo que é por vezes dor.
Mais uma vez digo que me encanta a sua maneira de escrever e para um homem que nasceu em 1927, na Covilhã e que uma vez disse com alguma graça " sou do tempo em que os homens não pegavam nos filhos ao colo com raras excepções em fotografias de estúdio " tudo se torna mais bonito...

Vou citar 2 excertos dos quais gosto muito e que fazem parte dos seus livros, mostrando a maneira brilhante como ambos são referidos ....

" É no Outono que a gente é capaz de reparar que a vida não é banal não obstante o nosso quotidiano ter sido de uma banalidade atroz. Acredito que é possível descobrir pedaços de luz no meio de tudo isso. São coisas destas que me levam à convicção de que a vida para que fomos feitos não é, de modo nenhum, aquela que andamos a viver. Em rigor o nosso destino poderia parecer trágico: por um lado, caminhamos inexoravelmente para a solidão, por outro, temos como futuro o esquecimento. Tenho muito a convicção de que somos seres em formação, pois o projecto humano não aponta para aqui. Penso é que ele nos vai sendo revelado por pequenas nostalgias de coisas ainda não vividas, que se exprimem por intuições avulsas e, apesar de tudo, pelo halo poético do mundo, que seria mais visível se acertássemos a maneira como olhamos para ele. Depois também há, felizmente, aqueles que já nasceram mais à frente no caminho do futuro.... "

in " O Tecido do Outono "

continua....








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