Amor aos animais, que loucura é essa?
Eu participo sempre
que posso activamente na luta pela protecção dos animais, e oiço muitas
perguntas e afirmações como estas: “Tanta criança na rua com fome e as pessoas não
ligam nenhuma e só se preocupam em alimentar os animais!” “ as pessoas que
cuidam de animais de rua são todas meio loucas?”
E o que eu acho
disto? falta de ter que fazer, se for nova
precisa de arranjar um filho, se for mais
velha, precisa de ocupações …. E outra “
cuidar de bichos é coisa de gente carente”. Estas são frases que se ouvem muito e as menos agressivas, acredito que somente quem
vive ligado a uma “abrigo” , ou quem é protector independente, saiba do que eu
estou a falar.
Já me questionei muitas vezes por que é que quem gosta de
animais e trata deles sofre tantas críticas. O que tenho observado é que elas
costumam vir sempre de pessoas mal amadas, sem interesses e objectivos com o
que não seja relacionado consigo própria/o, nunca são militantes de “causa
alguma” e, apesar de criticarem a nossa actividade, nunca foram pessoas que
ajudaram nem crianças, nem idosos, nem ninguém. Ficam apenas incomodadas. Mas não
fazem nada com os humanos tambem…..
Nos dias de hoje, as “instituições de abrigos de animais e protecção”
têm uma representatividade cada vez maior na sociedade. As novas gerações cada
vez mais já se consciencializaram que podem viver sem ingerir carne, e algumas
não utilizam nada que seja de origem animal. Eu acredito que seja o ser humano a
evoluir, se compararmos com os hábitos da nossa espécie na Idade Média, por
exemplo.
Os animais nossos companheiros
……
Mas de onde vem esse amor? Sim, amor, e talvez por isso seja
loucura. Amor e loucura caminham juntos (leiam o mito de Eros e Psiquê).
Acredito que eu não tenha que me estender descrevendo a imensidão do meu amor
pelos animais – quem já se permitiu amar e ser amado por um deles sabe do que falo; quem não se permitiu, ainda vai a tempo. A verdade é que esse amor pode
nos trazer cura, paz, felicidade e não há nada mais gratuito do que a relação afectiva
com um animal.
Além de já nos terem provado serem óptimos companheiros, os
animais auxiliam na cura dentro dos hospitais, na reabilitação nos centros de
equoterapia, e mostram-nos que podem
amar livremente, sem cobrar quase nada em troca, a não ser o próprio amor.
Mesmo seres humanos que ainda não aprenderam a amar acabam rendendo-se quando a relação é com um animal
de estimação – que como o próprio nome diz, é feito para se estimar. É como se
disséssemos ao nosso cérebro: “dele eu posso gostar”. Não há dor na relação com
o animal, a não ser a dor da perda, por isso muitos humanos a preferem,
principalmente o que já sofreram alguma decepção com a raça humana.
O afecto pelos animais só traz benefícios. De uma forma
geral, as crianças que crescem com animais de estimação desenvolvem com mais
competências as relações e a comunicação, tendo isso efeitos directos na sua auto-estima.
Os animais tornam-se companheiros fiéis e confidentes, parceiros de jogo e
brincadeiras e gostam quase “sem limites” dos seus donos.
Com os seus animais de estimação, as crianças partilham
alegrias e tristezas, medos, raivas e desgostos, bem como os seus próprios
pensamentos. Além disso, só a própria textura dos animais (o pelo fofo que lhes
faz lembrar aquele urso de pelúcia que tanto gostavam) é muito calorosa.
Penso que tanto as pessoas como os animais podem ganhar
muito a partir de uma convivência harmoniosa. Os estudos mais recentes têm
demonstrado que existem vários benefícios dos animais de companhia para o
bem-estar geral, o desenvolvimento psicológico, social e a qualidade de vida
das pessoas.
Tudo indica que a interacção com animais de companhia
provoca nas pessoas resultados fisiológicos, psicológicos e sociais. Por
exemplo, as pessoas com animais de companhia apresentam menor número de visitas
a médicos e gastos mais baixos com medicação. Apresentam, também, níveis de solidão,
depressão e ansiedade mais baixos. Verifica-se, ainda, que os animais de
companhia funcionam como facilitadores sociais e de integração para crianças,
idosos e pessoas portadoras de deficiência. Estes são apenas alguns resultados
encontrados nas centenas de estudos que já foram realizados por psicólogos,
psiquiatras e médicos.
Como dizia da Vinci
“Chegará um dia no qual os homens conhecerão o íntimo dos
animais; e nesse dia, um crime contra um animal será considerado crime contra a
humanidade.”
-Leonardo da Vinci-
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