Pintora Romarina Passos
Eu, a olhar para o meu "trabalhito"
Museu Municipal de Óbidos
Trabalho de confronto com o Pintor/retatista Eduardo Malta
Foi todo este o meu trabalho que durante 2 meses mais ou menos andei a fazer; foi-me proposto pela Pintora Romarina Passos ( pessoa a quem devo quase todo o meu conhecimento neste momeno sobre óleo e a "arte de pintar" na prática, mas muito, muito mais na teoria; brutal sabedoria a desta Senhora que gosta do que muito do que faz, como ela costuma dizer: Eu amo a arte de pintar .... e sabe transmitir de uma maneira tão profunda, que só não aprende quem não quer !!! por tudo isto, eu nunca poderia fugir a este desafio que ela propõs ( Museu) . Por detrás dela está uma Instituição, que é o Museu Municipal de Óbidos, onde a Romarina trabalha e situa-se o seu atelier, onde a pintora Romarina põe todo o seu empenho no trabalho ( ensinar) que faz e ondo me sinto deveras previligeada em a ter conhecido e me ter recebido com todo o seu carinho . Senhora a quem muito respeito.Um grande bem-haja Romarina
Eu,
Dulce
Tu,
Dulce
Ele
Eduardo Malta,
Nós,
candidatos a “Pintores”,
Vós
Pintores,
Eles,
todos os Amantes das Artes …
Eduardo Augusto D' Oliveira Morais Melo Jorge Malta
conhecido como Eduardo Malta, nasceu na Covilhã a 28 de Outubro de 1900 e faleceu
em Óbidos em 1967. A sua residência é
hoje o Museu Municipal de Óbidos.
Aluno
da Escola Superior de Belas-Artes do Porto, conquistou em 1936 o Prémio
Columbano, e a medalha de ouro da Exposição Internacional de Paris de 1937.
Eduardo
Malta repartiu a sua existência pelo retrato, pela ilustração, pela pintura de
ficção e ainda por obras literárias.
Foi
porém como um dos melhores retratistas do Estado Novo,, que Eduardo Malta
realizou o máximo das suas possibilidades, pintando cerca de um milhar de retratos
a que o grande poeta Teixeira de Pascoaes se referia dizendo" Os retratos
de Eduardo Malta vivem carnal e espiritualmente".
Espírito ávido de cultura, escreveu também livros, como "Do
Meu Ofício de Pintar" e "Retratos e Retratados", “Papagaio azul”, “Arte de ontem e de hoje”.
O Pintor vestiu-se a rigor, olhou-se no espelho e ficou belo em
preto e branco, em sépia e a cores".
Romarina Passos
APENAS UMA MULHER
SEM ROSTO ….
Cumprindo
um programa e ao mesmo tempo aceitando um desafio eis-me aqui num “acto
audacioso e singelo”.
Dois
trabalhos baseados em estudos da obra de Eduardo Malta; Um óleo sobre tela e o
mesmo em outra dimensão, nomeadamente um trabalho de confronto. (Estudos)
Gostaria
que este segundo trabalho fosse observado de uma certa maneira por todos, imaginando
“as coisas” fora do lugar, mais especificamente, retrato/ pintura como algo
móvel, não agregado às paredes das casas, normalmente nos lugares em que ficam
neutros. Se conseguir que isso aconteça, já me dou por satisfeita!!
Uma Imagem
sem rosto, só assim poderia
representar este confronto ao trabalho de um dos maiores retratistas portugueses
do Estado Novo, Eduardo Malta, (retrato/estudo de Dulce, sua mulher,
acompanhada dos seus 2 animais de estimação, Joaninha e Pimpão) . Uma figura
sem rosto, inquieta qualquer um, seres anónimos apagam-se, não os distinguimos,
mas, temos uma certeza, a espécie humana representa-se entre a tristeza e a luz
da esperança na presença do seu olhar ou seja na sua expressividade inexistente
nesta figura.
Aqui
tento traduzir a manifestação fundamental do ser frente à necessidade da
comunicação difícil mas não impossível.
O
que é íntimo, secreto, e diferente dificulta-nos por vezes a revelação, mas tem
de haver uma libertação que se define dia a dia, procurando um chão tranquilo
para a nossa interioridade pessoal.
A
autenticidade de uma “obra de arte” prescreve-se aqui neste princípio de
liberdade reflectindo o nosso encontro atento e perturbado de alguma maneira
com o que se passa à nossa volta.
Assim,
indo até à chamada “arte contemporânea”, onde com muita humildade, incluo a
minha “obra de confronto” (uma imagem sem rosto) muitas páginas
têm sido escritas tentando justificar esta mesma Arte. Sem argumentos a favor
deste ou daquele tema, deste ou daquele material, afinal o que esses textos
pretendem é provar-nos que aqueles objectos são mesmo arte e não uma outra
coisa qualquer. Muitos de nós, é que não o conseguimos compreender, que é o meu
caso.
E
aquilo que muitas das vezes presumo no fundo, é que me estão a dizer que, as
obras de Arte Contemporâneas exigem tanto do observador em termos cognitivos
que são “raros” os possuidores de tais capacidades imprescindíveis, para os
avaliar.
Mas
já algum tempo que ando às voltas com este assunto do “contemporâneo” e resolvi
ir até À Joana de Vasconcelos; confrontei-me com o seu “Sapato” objecto
específico e com alguma complexidade. Construído com tachos e tampas dos mesmos,
através da sua observação, penso apanhar três pontos fundamentais: cozinha,
mulher e glamour. E assim, formando sentidos lógicos com estes 3 pontos,
compreendo assim, muito melhor o assunto em questão observando o seguinte: Por
muito que as mulheres tentem ser só glamour, têm sempre implícita a sua função
ancestral na cozinha. Pergunto, serão estes os argumentos da minha interpretação
válidos?
Passando
agora para Almada Negreiros que escreveu uma frase que aqui faz todo o sentido:
“As pessoas que eu mais admiro são
aquelas que nunca se acabam.” De alguma forma, a complexidade das obras de
arte faz lembrar esta afirmação. As mais admiráveis são aquelas que nunca se
acabam. São aquelas que permitem sempre leituras inovadoras, sabendo manter-se
como um conjunto aberto de interpretações. Como fazer isso é um dos mistérios
da verdadeira arte…
Uma mulher sem rosto
quão misteriosa pode ser?
sem os olhos para expressar e
seduzir
sem o olfacto para sentir os
odores
sem os lábios para dizer o
que sente
enfim …
uma mulher sem uma identidade,
sem expressividade, apenas um corpo a usufruir.
o que é uma mulher sem rosto?
Quão bela pode ser uma mulher
sem rosto ….
Óbidos,
14 de Setembro de 2012
Maria
Dulce Horta
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