quinta-feira, 22 de abril de 2010

Quando temos 20 anos e não nos apercebemos....

Quando eu era mais jovem ( ainda mais do que sou) e comecei a descobrir o fascinante mundo das ideias, tudo parecia possível.... é próprio da juventude o encanto levado ao extremo, a impulsividade, pensar em ideais grandiosas, querer mudar o mundo acreditando que é possível, e apesar de eu nunca ter sido muito sonhadora, também fiz parte deste grupo. Marx, Lenine, Hegels, Nietzche, Sartre, etc, eram os autores das doutrinas perfeitas e sabíamos que existiam países onde tudo era perfeito, eram os nossos modelos. Então, no escuro e em segredo, " fazíamos barulho "e chamávamos a justiça, inspirados pelo gigantismo dos sonhos que seriam exterminados aos primeiros lampejos da maturidade sem nos apercebermos. Talvez por uma questão hormonal essa ebulição dos 20 anos, faça que se tenha fúrias exarcebadas contra tudo e contra todos, para conseguirmos atingir os tais ideais....

Sonhos e paixões também existem na maturidade, e nesse estágio eles acontecem incontestavelmente, mas, de uma forma mais silenciosa, mais modesta e menos agressiva. Não é que eu tenha mudado muito de opinião, mas com o tempo fui-me apercebendo que as ideias que me insuflavam eram de certa forma influenciadas por várias situações, e não eram na realidade as minhas. Com o tempo fui-me apercebendo que não é fácil mudar o mundo nem as cabeças, os valores vão mudando, a rebeldia sossega, e as euforias passam...

Sinto alguma nostalgia quando penso nisto, mas na verdade nada morreu, porque faz parte da minha história que é responsável pelo resultado do ser humano que hoje sou. Mas os ventos fazem-nos acordar, ainda que à nossa revelia. Não é grave, porque a maior vantagem da maturidade é que nela podemos ser crianças, jovens ou maduros, conforme as circunstãncias, só com o discernimento de saber usar esses estados na hora apropriada. A grande desvantagem é que não temos muito tempo para poder errar, cair e recomeçar, daí porque a voz da razão muitas vezes precisa de calar a voz das paixões na altura própria.

... auxiliar "quelquechose"


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